De acordo com o médico José Alexandre Barbuto, pesquisador do Departamento de Imunologia da USP, isso pode acontecer quando o sistema imunológico do indivíduo resolve ‘comprar a briga contra a doença’. Segundo ele, a descoberta levou cientistas a desenvolverem o tratamento pelo sistema imunológico, como as vacinas.
O
especialista explica que a célula cancerígena sofreu alterações
no processo de divisão (crescendo de forma desordenada). Na maioria
dos casos, ela é reconhecida como uma célula normal, mas quando o
sistema imunológico percebe que houve alguma alteração, ele pode
comprar a briga e eliminar a célula. Isso normalmente ocorre quando
há um desequilíbrio, como uma infecção na região do tumor, que
faz com que o organismo ‘enxergue o câncer’ e crie mecanismos de
autodefesa para combatê-lo.
‘Isso
não é uma coisa nova, no fim do século 19, William Coley percebeu
que alguns pacientes que tinham registro de infecção no local do
câncer conseguiam regredir a doença. Ele constatou que o sistema
imune percebia o câncer’, afirma o pesquisador. Segundo Barbuto, a
partir deste estudo, Coley desenvolveu uma toxina (Toxina de Coley)
para tratar a doença. Mas ela não curou os outros casos, porque o
que ele não previa é que cada organismo reagiria de uma forma à
doença. ‘O câncer é único, diferente em cada organismo’,
explica.
Uma
pesquisa da Associação Médica Americana com base em dados de
pacientes com câncer de mama e de próstata acompanhados por 20 anos
apontou que alguns tumores simplesmente desapareceram do organismo. O
estudo, divulgado em 2009, mostra que o câncer não é um processo
totalmente linear, que a atuação do sistema imunológico pode
‘destruir ou abastecer um tumor’. Mas, embora em alguns casos a
doença possa desaparecer por conta própria, o professor da USP
afirma que isso é muito raro. ‘É um fenômeno extremamente
difícil de acontecer, ninguém pode parar o tratamento por causa
dessa possibilidade mínima’, alerta Barbuto.
Fonte: terra.com.br
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